27 de abril de 2015

Olá, mundo sobre games.

Olá. Bem-vindo ao meu novo blog. Sobre games.

Se você conhece meu outro blog, o Eu Estou Certo, já sabe o que vai encontrar aqui: dissertações metodológicas equânimes focadas em entretenimento eletrônico interativo. Se quiser, pode apertar B e pular este post, que o resto do texto é só eu me explicando sobre mim mesmo acerca da minha pessoa sobre games. Se bem que eu coloquei uma conclusão com todas as mudanças presentes neste blog em relação ao outro, só clicar aqui pra ver, caso interesse.

Se você chegou até aqui por acaso e está tentando entender o que é este blog, continue lendo este post que vou tentar explicar. Ou aperte B e seja como um desses toscos que pula o tutorial e fica reclamando depois que não está conseguindo jogar o jogo direito e vai pro tuíter xingar muito a mãe do desenvolvedor.

Enfim, Eu Estou Certo Sobre Games. Caso o nome não seja óbvio o bastante, meu objetivo aqui é justamente externar “verdades” sobre games. Por “verdades”, quero dizer a minha opinião. Sobre games.

Seguinte: a internet funciona na base da hipérbole. Se você não chega batendo o pau metafórico na mesa em tudo que você publica, vomitando todos os seus achismos como se fossem fatos, ninguém presta muita atenção. E o nome do meu outro blog era, ou melhor, é justamente uma brincadeira com isso, parecer o lorde senhor dourado da verdade absoluta mas, ao mesmo tempo, me esforçar em ser minimamente coerente e imparcial, uma tentativa de aplicar o paradoxo socrático de “só sei que nada sei” (ou pelo menos aquilo que eu entendo dele) num blog pessoal, onde o fato de eu reconhecer minha própria ignorância reforça minha certeza, ou seja, eu estou certo justamente por saber que posso estar errado.

Até hoje não sei se deu certo essa brincadeira. Provavelmente não.

De qualquer maneira, isto explica a parte “Eu Estou Certo” do nome deste blog, mas não explica a parte “Sobre Games”.

Simples: vou falar só sobre games.

Eu adoro games. Muito. Mesmo. É o meu hobby principal central mais importante de tudo e mais um pouco. É onde eu torro todo meu dinheiro. É o que eu vou fazer quando estou tendo um dia ruim e quero me sentir melhor (apesar de nem sempre dar certo - estou olhando para você, Superman 64). É parte do que me define enquanto pessoa. Quem é o Vitor? Um cara que gosta de videogames (aliás, meu nome é Vitor, muito prazer).

Se eu puder ser um pouco mais específico, dentro da minha paixão por games os games da Nintendo se destacam, como um farol iluminando uma metáfora pobre. Sim, eu sou um desses fãs de carteirinha da Nintendo, que realmente acha que ela é a melhor desenvolvedora de games e que o Mario é o cara e que Zelda e Fire Emblem são as melhores séries de games que existem.

Mas eu não jogo só Nintendo, também tenho um PS3 e jogo muita coisa no iPhone. Também tento ao máximo saber o que acontece em todas as frentes do mundo dos games, não apenas de consoles, mas PC e celular também, com o propósito de entender melhor o meu hobby favorito. Games. Traduzindo: pretendo escrever sobre qualquer coisa relacionada a games, não só Nintendo, mas a Nintendo provavelmente vai acabar sendo o grosso (hihihi, o grosso) deste blog.

Enfim, chega de ficar tentando validar minha autoridade no assunto e voltemos à gênese deste blog (ou à mega drive deste blog, caso esteja lendo dos EUA).

Nada mais óbvio que eu, um cara que gosta muito muito mesmo pra caramba de games e que gosta de escrever faça um blog onde eu escreva sobre games, certo?

Então.

Nunca me senti muito confortável escrevendo sobre games, e por um motivo muito estúpido: eu sentia que minha opinião não acrescentaria nada para a discussão em torno de games. Sério, quantos blogs de games existem só no blogspot? Quantos fóruns, quantos canais no Iútube, quantos podcasts, quantas webcomics, quantas contas no Tuíter? O que que eu tenho pra falar que já não tenha sido falado por outros milhões de gamers internet afora?

Nada, era a resposta que eu sempre chegava.

Até cheguei a escrever alguns posts sobre games no meu blog pessoal, mas ainda assim me sentia meio intimidado.

Só que outro dia caiu a ficha.

Hora da historinha:


Lá estava eu num Evento Social™ com a minha namorada quando encontramos alguns conhecidos que há algum tempo não víamos. Começamos a falar da vida, do universo e tudo mais, e como todo mundo lá era, em maior ou menor grau, nerd, uma hora o papo foi para videogames. Um dos nossos interlocutores afirmou ter se tornado um fã da Sony, e de como o PS3 que ele acabara de comprar tinha valido muito a pena, pelo preço mais acessível e o catálogo extenso de jogos de alta qualidade. O que é a mais plena verdade, o PS3 realmente tem muito jogo e muito jogo bom.

Só que aí veio o momento que me pegou: ele afirmou que o PS3 tinha, pelo menos, uns 30 jogos muito bons, e que não dava pra falar isso do Wii ou do WiiU (nota: ele sabia que eu era fã da Nintendo, que eu tive um Wii e que eu tenho um WiiU). Eu afirmei que no caso do WiiU tudo bem falar isso, uma vez que as baixas vendas do console estavam afastando muitos lançamentos de third-party, mas que o Wii tinha sim, pelo menos 30 jogos muito bons, senão mais (aliás, talvez eu faça um post-lista depois com jogos muito bons do Wii).

Um dos outros participantes do nosso colóquio afirmou que teve um Wii (que ele vendeu depois, por motivos não esclarecidos e que não eram da minha conta) e que Mario Galaxy 2 foi um dos melhores jogos que ele jogou na vida e que esse jogo, por si só, já valia o console. Comentei de alguns outros jogos, como o Mario Galaxy 1, Donkey Kong Country Returns, Metroid Prime 3 e os Zeldas, entre outros. O que gerou o segundo momento que me pegou, que foi quando o nosso primeiro falante, o recém-fã da Sony, disse:

– Mas só tem jogo de plataforma.

Ao que eu respondi:

– E nos outros só tem shooters.

Assim que falei eu percebi que o meu argumento estava errado. Tanto o PS3 quanto o Xbox360 quanto o Wii possuem uma gama variada de jogos, mas no calor do momento, esse foi o único argumento que me ocorreu. De qualquer maneira, acho que os demais perceberam que eu estava me irritando (eu sou daqueles que quando se irrita fica exalando raiva por todos os poros, não consigo disfarçar e continuar sendo amigável) e mudamos de assunto.

A questão é: remoendo esse diálogo nos dias seguintes, percebi o problema do argumento “só tem jogo do tipo X”: ele pressupõe que um tipo de jogo é inferior ao outro. Enquanto meu conhecido colocava jogos de plataforma para baixo, desmerecendo o valor deles, eu fiz o mesmo com shooters.

E isso é muito estúpido.

E isso é muito humano.

Somos bichos sociais, queremos pertencer à tribo certa, ao mesmo tempo que rivalizamos e desmerecemos a tribo errada. Por isso, quando descobrimos alguma coisa que gostamos, seja um tipo de jogo, um console, uma marca de celular, uma escola literária, um estilo cinematográfico, um método de colocar o papel higiênico ou o que seja, uma das primeiras coisas que fazemos é procurar o inimigo do nosso grupo para nos compararmos com ele e nos sentirmos melhores.

Só que, como já afirmei acima, isto é muito estúpido.

Temos mais de sete bilhões de pessoas no planeta com gostos diferentes. Aceitem, algumas pessoas vão gostar de coisas que não gostamos e vice-versa.

(OBS.: Por mais que eu esteja afirmando que todo mundo pode ter sua própria opinião e gostar do que quiser, não consigo, em sã consciência, não colocar o seguinte adendo: estou falando de gostar de obras culturais, como livros, filmes, games e etc. Quando o assunto é ciência e o funcionamento do mundo, não há achismos, apenas evidências que norteiam nosso conhecimento. Não me venha com “mas, por mim, eu acho que reiki funciona” quando não há nenhuma evidência que isso seja verdade. Se for assim, eu posso achar que os homens-barata que possuem seis bundas e uma narina, vivem na quinta dimensão, são imperceptíveis para nós e toda vez que peidam causam uma acne no rosto de uma pessoa são reais, porque eu acho que eles são reais. E são a verdadeira explicação para espinhas. Deu pra entender? Obras culturais são uma coisa, o funcionamento do mundo através da análise de evidências empíricas é outro.)

Tendo dito isto, sobre aceitar que outras pessoas possuem gostos diversos dos seus, acho bom colocar que isso não impede que discutamos nossos gostos com os outros. Uma coisa é refletir e questionar os nossos e os gostos dos outros, outra coisa é negar ao outro o gosto dele. Sem contar que é assim, discutindo coisas que gostamos (e que não gostamos), que entendemos mais sobre o que produzimos, o que consumimos e sobre nós mesmos.

Agora vem a segunda parte dessa obviedade: a partir do momento que existem pessoas com gostos diversos dos seus, irão existir pessoas produzindo arte ou produtos para suprir a demanda desses gostos diversos.

Só que muita gente têm dificuldade de entender isso. Nós conseguimos, num nível, aceitar que todo mundo tem gostos diferentes, mas temos uma dificuldade horrorosa de entender que existem pessoas/artistas/empresas fazendo dinheiro produzindo essa coisa que não gostamos. É a falácia Highlander, onde só pode haver um produto, uma marca, a que eu gosto, e todas as outras podem devem falir e desaparecer.

Isso se chama monopólio e isso é uma merda. Não sou economista nem historiador nem analista político ou sei lá o que mais me daria credibilidade para fazer tal afirmação, mas não é difícil entender porque monopólios são uma merda: se o meu produto é a única opção disponível e todo mundo compra ele por ele ser a única alternativa, não há a necessidade de melhorar o produto, pois estou fazendo dinheiro.

Competição no mercado, seja o de produtos, seja o de idéias, é uma coisa boa, pois é assim que evoluímos e criamos novas coisas. Foi assim que surgiu o impressionismo, por exemplo: cansados do monopólio do Salon de Paris e da arte clássica acadêmica, diversos artistas se uniram e criaram uma escola artística nova numa galeria nova e encontraram um mercado que, adivinha só, gostou de uma visão diferenciada do mundo.

O que me traz de volta à ficha caindo: ter essa consciência de que os jogos que eu gosto não são para todo mundo faria com que eu pudesse escrever textos que possam acrescentar idéias às discussões em torno de games.

Isso faz com que eu queira entender melhor porque eu gosto dos jogos que eu gosto e que eu queira voltar a experimentar tipos de jogos que eu já tinha desistido. Ter essa visão um pouco mais ampla me permite pelo menos tentar ver o que acontece na indústria/cultura de games sob uma ótica mais interessante, ao invés de ficar só num “se não é pro meu console, não me importo, se não é para ser um jogo do jeito que eu acho que tem que ser, é errado”. E isso é algo que eu acho que vale a pena escrever sobre.

Sem contar, é claro, essa palhaçada de GamerGate, que é outro grande exemplo de um grupo reagindo de maneira nociva e tóxica a outro grupo querendo ser reconhecido. Sério, ando com muita vontade de comentar esse assunto.

Só que a ficha só caiu, ainda faltou alguém apertar o Start pro jogo começar.

Porque mesmo depois que eu encontrei uma motivação para escrever sobre games, eu ainda ficava de mimimi criando obstáculos imaginários para eu criar este blog.

Mas, por sorte, minha namorada veio e apertou o Start. E, com isso, quero dizer: me deu um esporro tectônico para eu largar mão de ser um bunda e fazer as coisas.

Pois é, algumas pessoas só pegam no tranco mesmo.

Conclusão:


Tudo isso foi o que motivou a criação deste blog.

O que esperar deste blog? Nem eu sei ao certo, só sei que os próximos posts não serão tão historinha pessoal, serão mais comentários sobre games e acontecimentos na indústria/cultura.

Também tem algumas mudanças que quero implementar em relação ao Eu Estou Certo:

• Aqui não vai ter montagens com a minha cara feia. Essa é a sacadinha do Eu Estou Certo, ainda não decidi qual vai ser a sacadinha do Eu Estou Certo Sobre Games.

• Pretendo ser mais regular aqui, vai ter pelo menos um post por semana, provavelmente toda segunda. Sério. Acreditem. Parem de rir. Vocês não estão ajudando.

• Vou, na maioria das vezes, fechar os posts com uma conclusão, como neste aqui. Podem encarar a conclusão como um tl;dr e só ler ela, não vou ficar ofendido.

Acho que isso é tudo, vamos ver onde vai dar. Com alguma sorte, a nossa princesa estará neste castelo.