28 de julho de 2015

Sobre Squids Odyssey, o outro jogo viciante com lulas

Como vocês quatro leitores deste blog já devem ter percebido, eu estou adorando Splatoon. Não apenas é um jogo muito, mas muito divertido, como o esquema que a Nintendo está fazendo com seus DLCs (de graça e toda semana) está ajudando a manter meu interesse nele vivo. Mesmo considerando minha atual grande irritação videogamística, Splatoon tem sido o meu principal vício desde seu lançamento.

Mas, desta vez, não estou aqui para falar ainda mais de Splatoon, por mais que eu esteja fazendo exatamente isto numa tentativa desesperada de convencer mais pessoas a comprarem o jogo e assim mostrar para a Nintendo que é uma série que vale a pena continuar investindo. Como eu ando com lulas na cabeça, vim aqui para falar de um dos meus jogos indies favoritos do WiiU, que eu joguei muito na época que foi lançado e que também possui lulas como personagens principais: Squids Odyssey. Em outras palavras, vou fazer uma análise / review deste jogo.

Squids Odyssey


Desenvolvedora: The Game Bakers

Plataformas: WiiU , 3DS, iOS, Android e Windows Phone. A versão Odyssey é apenas para WiiU e 3DS, e é a mais completa, com três capítulos da história e personagens e ítens extras. Para iOS, Android e Windows Phone, o primeiro capítulo foi lançado com o nome apenas de Squids, e para iOS o segundo capítulo foi lançado como Squids: Wild West. Nesta análise, vou focar apenas na versão WiiU, que foi a que joguei, mas acho que ela serve também para as demais.

Preços (na data deste post):

• WiiU: Em promoção por US$5,99, preço normal é US$14,99

• 3DS: Em promoção por US$5,99, preço normal é US$14,99 (no momento em que escrevo este post, só há cross-buy nas versões européias, para o resto do mundo é preciso comprar o jogo duas vezes)

• iOS: US$1,99 cada capítulo

• Android: Grátis US$1,99 [Correção - me apontaram que o jogo não é grátis em Android]

• Windows Phone: Grátis? (não consegui confirmar 100% de certeza, mas é o que me pareceu na loja da Microsoft)

Quesito avaliado: Capacidade viciante.

O que é este jogo? A comparação que mais vi sendo usada e que o descreve perfeitamente é ele ser uma mistura de Angry Birds com Fire Emblem/Final Fantasy Tactics.

Tem como aprofundar um pouco? Squids Odyssey é um RPG estratégico de turno, ou seja, o jogador movimenta unidades em um mapa alternando turnos com o computador buscando derrotá-lo de acordo com as necessidades da fase, podendo ser através da eliminação de todas as unidades inimigas, chegar até um determinado lugar do mapa ou mesmo sobreviver por uma quantidade de turnos. As unidades ganham pontos de experiência para subirem de nível e se tornarem mais fortes, e no caso de Squids Odyssey elas também podem equipar chapéus para mudar seus status de acordo com a estratégia desejada.

Aqui está uma lula de cartola. Se isto não convenceu você a jogar Squids Odyssey, não sei o que vai.

Até aí, nada de mais, parece apenas mais um TRPG (Tactical Role-Playing Game) de turno, mas aqui entra a sacadinha Angry Birds: para movimentar as unidades pelo cenário e atacar, você estica e solta seus tentáculos, mandando as lulas como um torpedo contra as unidades inimigas e causando dano, mais ou menos como fazemos com o estilingue atirador de pássaros bravos de Angry Birds.

Este screenshot é da tela do gamepad, onde puxamos os tentáculos das lulas com o touchscreen.
Também dá pra usar o stick analógico, caso preferir.

Para complementar essa mecânica, os mapas muitas vezes possuem armadilhas como espinhos e buracos que causam dano, correntes marítimas que afetam a trajetória das lulas e âncoras que os personagens agarram e páram instantaneamente, entre outros. Além disso, existem quatro classes de unidades, cada uma com habilidades extras diferentes, acrescentando mais variáveis ao combate. Uma das minhas sacadas favoritas é o modo como os healers funcionam, onde atirá-los contra suas próprias unidades recupera a vida delas.

E quanto à história? Sendo sincero, bem nada de mais, mas isso não é ruim. Somos um grupo de lulas lutando contra o ressurgimento da black ooze, que está poluindo e destruindo o reino submarino. Para isso, atravessamos o reino em busca de aliados e fazendo novos amigos e etc e tal.

Tem esse jeitão desenho animado da década de 1990, o grupo de aliados improváveis que superam suas diferenças para salvar o mundo com o poder da amizade, mas a verdade é que eu gosto desse tipo de história quando ela entende que é este tipo de história. O que eu quero dizer com isto é que o jogo sabe que possui uma história simples com uma mensagem simples (amigos são uma coisa boa e devemos proteger o meio ambiente) e foca nas interações dos personagens e no humor decorrente disto, ele não está se propondo a questionar os nossos valores pessoais ou elaborar uma crítica social complexa ou ainda fazer tudo muito sombrio e depressivo numa tentativa de parecer sério. Não, ele é um jogo onde atiramos lulas pra lá e pra cá pra derrotar a grande gosma negra que está destruindo o fundo do mar e vamos lá ajudar a salvar o fundo do mar porque temos que salvar o fundo do mar. Pronto: simples e divertidinho, não é nem tenta ser maior do que precisa. Fim.

Quão viciante ele é? Para mim, muito. Pra caramba. Ligou minha obsessão videogamística no máximo.

Pra começo de conversa, eu sou um grande fã de TRPGs de turno, como Fire Emblem, Advance Wars e Final Fantasy Tactics. São jogos que posso jogar com calma, pensar antes de cada movimento e elaborar estratégias de acordo com o andamento da partida sem ter que me estressar com um relógio me apressando, ou seja, são o tipo de jogo que eu mais gosto para desestressar e desligar do mundo real.

Temos então o fator puzzle de física. Sabem aquela coisa de ficar se corrigindo a cada tentativa para conseguir vencer a fase? Mudar em dois graus o ângulo do estilingue de Angry Birds? Cortar a corda número três um milésimo de segundo mais cedo em Cut the Rope? Esse tipo de jogo onde sentimos que toda e qualquer ação que realizamos altera o resultado final de maneira significativa e ainda temos a sensação de estar aprendendo e evoluindo nossas habilidades a cada fase são tremendamente viciantes para mim. Sem contar o fator “reação em cadeia” que muitos desses jogos têm, onde uma ação pequena gera conseqüências espetaculares altamente satisfatórias. De qualquer maneira, Squids Odyssey possui esse fator viciante, onde cada estilingada pode ser refinada a cada tentativa da fase para conseguir eliminar a maior quantidade possível de inimigos e aumentar ainda mais a pontuação final, assim como um pouco de reação em cadeia, quando nossa lula empurra um inimigo no outro e eles caem numa corrente marítima que atira eles numa parede de espinhos para caírem em seguida num precipício.

O próximo fator viciante desse jogo são os colecionáveis, aqueles itens especiais espalhados pelas fases que podemos pegar para fazer 100% ou ainda habilitar alguma coisa, como uma fase secreta ou um extra feliz tipo uma galeria de imagens. Para mim, se eu gosto bastante de um jogo, só faz sentido terminar ele se eu pegar todos os colecionáveis. Mesmo que isso signifique ficar refazendo a mesma fase quinhentas vezes porque eu faço alguma burrada e perco um deles. Em Squids Odyssey, toda fase tem uma estrelinha do mar escondida para pegar. Às vezes, ela está num cantinho obscuro muito cretino, e houveram fases que eu não encontrava a desgraçada e acabava terminando a fase antes de achá-la. Logo, a única coisa a ser feita é reiniciar a fase e procurar a miserável com mais afinco. Ou seja, só fiquei satisfeito com o jogo depois de conseguir pegar todas. Se você é do tipo que também tem essas obsessõezinhas com colecionáveis de games, você pode se viciar em Squids Odyssey, como aconteceu comigo.

Aí entra em cena o último fator viciante do jogo: o desafio proposto para cada fase, que é terminá-las sem perder nenhuma unidade e em X turnos. Logo, era assim que eu jogava o jogo: morreu alguém? Reset. Passou do turno X? Reset. Com isso, eu provavelmente gastei muitas horas a mais da minha vida neste jogo do que realmente necessário para simplesmente finalizá-lo.

Aqui, na tela de seleção de fase, os indicadores que você cumpriu os desafios: achar a estrelinha secreta, manter todo mundo vivo e terminar a fase na quantidade certa de turnos (no caso desta fase, 3). 

Mas acho que é isso que torna um jogo viciante: quando ele consegue ligar as obsessões certas dentro da sua cabeça, e você quer porque quer acabar o jogo do “jeito certo”. Não duvido que muitos tenham jogado Squids Odyssey sem dar a mínima para os desafios e os colecionáveis, acabaram em um final de semana e largaram num canto para nunca mais jogar. Mas, para mim, não era assim que esse jogo devia ser jogado, eu só podia dispensar ele quando eu tivesse cumprido todos os objetivos auto-impostos. Se bem me lembro, demorou uns vinte dias.

Agora que estou pensando melhor, o último fator viciante deste jogo não são os desafios propostos por ele, mas os desafios que você mesmo se impõe para terminá-lo.

Conclusão


Squids Odyssey é um jogo indie muito simpático, com uma historinha simples, uma sacadinha muito boa na sua jogabilidade e um fortíssimo fator viciante. Pelo menos para pessoas como eu, que gostam de TRPGs de turno, puzzles de física, colecionáveis e objetivos supérfluos auto-impostos. Se você acha que se encaixa nessa descrição, recomendo muito ele, que você não vai se arrepender.

A não ser, é claro, que você tenha outras coisas mais importantes na sua vida, que depois que começa, é difícil largar esse jogo.

Links


Site Oficial Game Bakers

eShop - Squids Odyssey versão WiiU

eShop - Squids Odyssey versão 3DS

iTunes App Store - Squids

iTunes App Store - Squids Wild West

Google Play Store - Squids

Microsoft Windows Phone Store - Squids

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